Vacina da gripe 2016: esclareça suas dúvidas
A vacina da gripe 2016 já está aí, mas ainda são muitas as dúvidas de nós, pais, em relação a gripe e a como proteger os nossos filhotes.
Para tentar esclarecer um pouco essa questão, que tanto nos preocupa neste momento, convidei a pediatra, com especialidade em infectologia infantil e mãe, Regina L. B. Matielo, para conversar com a gente, aqui no blog!
Confiram, logo a seguir, as informações que ela nos trouxe carinhosamente. Espero que auxiliem a todos nós!
A vacina
Há dois tipos de vacina contra a gripe: trivalente, que protege contra dois tipos de gripe A (H1N1 é um deles) e um tipo de gripe B (totalizando três tipos de gripe) e a tetravalente, que protege contra 2 tipos de gripe A e 2 tipos de gripe B (quatro tipos de gripe).
A trivalente está indicada para bebês a partir dos 6 meses e a tetravalente para crianças a partir dos 2 anos.
Quem recebe a vacina
Respeitando as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria e considerando as diretrizes do Ministério da Saúde, crianças de 6 meses a 2 anos devem ser vacinadas com a vacina do ano. Estende-se até os 5 anos a vacinação de todas as crianças quando em situação de surto epidêmico.
Vacinas em bebês menores de 6 meses
A primeira vez que recebem a vacina, aos 6 meses, conforme consta no Programa de Imunização Nacional, é necessário um reforço após um mês da primeira dose. Depois, deve receber uma dose anualmente.
Qual vacina dar: tetravalente ou trivalente?
Consideraria a tetravalente caso houvesse surto do tipo de vírus que ela traz a mais ( um vírus tipo B a mais).
Sequelas
Nenhum destes vírus deixam sequelas. Todos são causadores de gripe. O que preocupa no H1N1, em particular, é a rapidez e gravidade com que os sintomas se instalam.
A diferença de gripe e resfriado
É importante lembrar que muita gente usa os termos resfriado e gripe como sinônimos. Na verdade, resfriados comuns dão sintomas leves, como congestão nasal, coriza, espirros, tosse... Raramente dão febre.
Gripe é sempre um quadro mais importante, com mal estar, diminuição do apetite, dor no corpo, febre, além dos sintomas catarrais do resfriado comum.
Como se dá a gripe em crianças
Bebês pequenos, até 2 anos de idade, não têm a imunidade completa como tem um adulto, por isso, são contaminados por doenças virais com mais facilidade, assim como transmitem. No caso desses pequenos, a doença demora mais tempo para acabar, exatamente, por causa da imaturidade imunológica. Crianças pequenas tendem também a espalhar mais os vírus já que as vezes ainda não sabem espirrar ou tossir com o bracinho na frente, não lavam as mãos com frequência, além de levarem tudo à boca.
Quanto mais nova a criança, maior o risco de ser um caso com piora rápida e gravemente. Isso porque, quanto mais novo o bebê, menor é o calibre das vias aéreas, ou seja, mais estreitas são as vias aéreas, ficando mais fácil de entupi-las com secreção que, na gripe está muito aumentada. A parede que reveste as vias respiratórias incham, diminuindo ainda mais a passagem do ar.
Bebês pequeninos, com menos de 6 meses não sabem respirar pela boca e se prejudicam muito com o nariz entupido, como, por exemplo, não conseguem mamar corretamente.
Esse é o pior problema nos quadros gripais em crianças: manter vias aéreas desobstruídas.
Depois dos 2 anos, se a criança não tiver nenhum outro problema de saúde, o quadro tende a ser menos sério pois são crianças que têm um sistema imunológico recentemente amadurecido, sem memória imunológica, que reagirão adequadamente a doença.
Assim, é importantíssimo dizer que bebês que mamam leite materno recebem anticorpos que ajudam-no a ficar protegidos e, caso adoeçam, têm quadros mais leves e mais rápidos, se continuarem mamando. Quando estão com o nariz desentupido, conseguem mamar melhor. E oferecendo o "mamá" com frequência, a mãe o ajuda a manter as narinas desentupidas.
Tempo de transmissão do vírus
Outra coisa que preocupa é o tempo que a criança fica transmitindo o vírus, mesmo quando já aparenta boa recuperação. A transmissão viral se inicia dois dias antes de iniciarem os sintomas gripais e podem perdurar por até duas a três semanas, a depender da idade da criança.
Tratamento
Não existe tratamento específico para o vírus da gripe. O que é feito é a administração do oseltamivir (tamiflu) que ajuda a diminuir a multiplicação viral e assim, em teoria, diminuirá a intensidade da doença e do tempo de transmissão.
O restante do tratamento todos já conhecem: desobstrução das narinas com lavagem e aspiração nasal sempre que necessário, antitérmico caso tenha febre, alimentação fracionada, ou seja, oferecer alimentos aos poucos, várias vezes ao dia e dê preferência os alimentos mais saudáveis, que a criança mais gosta. Incentivar a ingestão de líquidos: sucos naturais e água. Se gostarem de sucos cítricos, melhor ainda. Se a criança ainda recebe leite materno, incentivar o mamar.
Como se prevenir
Além de higienizar sempre e corretamente as mãos, já que sabemos ela é um dos principais meios de transmissão da doença, crianças que se alimentam bem dificilmente ficam doentes. Daí a importância de enfatizar a alimentação colorida, evitando alimentos industrializados e incentivando o consumo de frutas.
É normal a criança ficar gripada após a vacinação?
Não. O que muitas vezes acontece é que a criança já está contaminada e acaba manifestando os sintomas coincidentemente após a vacinação. Até mesmo porque sabemos que demora aproximadamente duas semanas para a vacina proteger.
Reação da vacina no organismo das crianças
Basicamente, a vacina traz informações sobre o vírus, sem que haja vírus nela (por isso, que não é possível a vacina produzir doença ou sintomas gripais). Essas informações são partes proteicas do vírus (exemplo: como se fossem apresentadas fotos dos vírus para nossas células de defesa). A partir disso, o nosso sistema imunológico, durante cerca de duas semanas, identifica quem são os vírus e o que ele deve fazer caso esteja diante de um deles, ou seja, produz substâncias específicas, os anticorpos, contra aqueles vírus apresentados na vacina.
Os sintomas da gripe podem ser confundidos com o de outras doenças?
Sim. A gripe em crianças pequenas, além dos sintomas que já conhecemos e mencionados mais acima, também pode causar dor de garganta, de ouvido, vômitos e até mesmo diarreia.
Quando a vacina não é aconselhada?
A única situação que se faz necessário atrasar a vacina é a existência de febre. Espera-se o quadro febril terminar para vacinar. O que acontece é que muita gente evita vacinar crianças resfriadas, imaginando que aquela situação possa vir a dar febre e daí a confundir com um possível efeito adverso da vacina.
É importante entender que estamos falando apenas de situações que atrasam a vacinação mas que não proíbem a vacinação. Já, em caso de alergia à proteína do ovo ou a algum componente vacinal, a vacina não deve ser dada.
Intervalo entre a vacina da gripe e demais vacinas
Ou toma-se todas as vacinas num mesmo dia ou espera-se três semanas para uma nova imunização. No entanto, como pediatra e como mãe eu peço o carinho de calcular o número de picadas por dia de vacinação. Uma outra visita ao centro de vacinação em três semanas pode aliviar a quantidades de picadas de uma só vez.
Espero que tenham gostado da participação da doutora Regina!
Quem quiser contribuir com outras informações, principalmente, sobre os preços e laboratórios que têm vacinas disponíveis, por favor, deixe um comentário.
Aproveitando, recentemente vacinei meus filhos na clínica Pró Imune, pelo valor de 120 reais. Uma dica pessoal é: chegar bem cedo, já que os lotes do dia se esgotam ainda pela manhã. A vacina da gripe para criança menor de 3 anos, que ainda não havia sido liberada na rede particular, estaria disponível desde o dia 20 deste mês.
Muita saúde para os nossos pequenos! Até mais!
Tati Rodrigues
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