Amamentação prolongada: os preconceitos e os benefícios de amamentar seu filho por um ano, dois anos ou mais


 
Quando bate a fome, o soninho, quer consolo ou o meu colo, ele olha para mim e corre ao meu encontro, dizendo: “tetê, tetê, tetê, tetê”. Este é o Pedro, hoje com 1 ano e 9 meses e que se tratando de leite, se alimenta exclusivamente do meu. Então, eu o tomo em meus braços e o alimento, pelo tempo que ele desejar, com o leite (ainda uma fonte importante de vitaminas e nutrientes) e de amor. Enquanto mama, ele me acaricia, segura o outro seio (como quem quer dizer que será o próximo ou garantir que ninguém vai tirá-lo dele), olha nos meus olhos, brinca e dá a mão ou os pés para eu beijar. Depois de satisfeito, desce do meu colo e volta a correr.

Para mim é uma benção, quase um privilégio, ver essa cena se repetir. Amamentei a Aline até os seus dois anos de idade, também a livre demanda, até que ela, por iniciativa própria encerrou esse processo. Foi estranho lhe dar com o fato de que ela não precisava mais de mim, pelo menos não de ser amamentada, e que aqueles momentos ficariam dali em diante na minha memória. Mas senti também uma imensa satisfação e tranqüilidade em ter feito por ela o melhor que eu podia e em vê-la, ainda tão pequena, poder decidir por si, no seu tempo, parar. Já o vínculo não sofreu nenhum abalo por não estarmos mais tão grudadas, aquele período só serviu para fortalecê-lo.

Amamentar um filho traz muitos benefícios físicos e emocionais para mamãe e bebê, além de ser lindo de se ver...Mas não é todo mundo que pensa assim. As mães que amamentam seus filhos por mais de 1 ano, 2 ou 3 anos, sabem bem o que estou dizendo. Muitas pessoas se incomodam com fato de uma criança grandinha mamar e não economizam nos olhares tortos ou comentários ofensivos e hostis.

Eu já ouvi um pouco de tudo: “Criança com esse tamanho não precisa mais mamar”; “leite de vaca também alimenta”; “passa pimenta no seio, que ele(a) larga”; “isso pode ser mau costume e não fome, você nem deve ter mais leite”. Ou indignações do tipo: “Ele ainda mama?” “Até quando ele vai mamar? Eu já teria entrado com a mamadeira, faz tempo, não tenho paciência.”

Há, inclusive, pessoas que te olhem amamentar como se fosse algo libidinoso. É horrível dizer isso, mas têm. Talvez pelo fato do corpo da mulher ainda ser tão banalizado.

Outros ainda atribuem a um vício, uma criança que mama na mãe depois do primeiro aniversário. Mas como bem disse a mamãe Sol Lopez, mãe de dois e que  tive o prazer de conhecer recentemente pela internet. “É vício sim! Eles viciam no nosso amor, no leitinho do nosso peito, no cheirinho do nosso corpo, na batida do nosso coração... Viciam em ser abraçados, em receber coceguinhas, em olhar nos nossos olhos e em fazer carinho nas nossas costas enquanto mamam! Que este seja o único vício deles e que nunca desviem para mais nenhum outro."


A Sol tem uma história linda de perseverança com a amamentação, que contarei para vocês num outro post. 


Santa Paciência, sempre nos acompanhe!

Mas assim como eu, muitas outras mães que decidem continuar a amamentação após o primeiro ano ou os dois anos de idade da criança sofrem com algum tipo de preconceito.

Pesquisando algumas experiências conheci a de Kalu Brum, jornalista, que amamentou seu filho até os 3 anos e 7 meses e teve uma de suas fotos censuradas por uma rede social porque mostrava seu filho mamando.

Em um outro momento, a revista Time gerou polêmica quando publicou na capa a foto de uma mãe que amamentava seu filho de 3 anos. A criança alcançava o seio da mãe com a ajuda de uma cadeirinha. A publicação teve muitos comentários negativos porque consideraram a imagem com conteúdo sexual.

O que posso dizer é que é lamentável ver e sentir interpretações tão distorcidas e tamanha falta de conhecimento.


Os benefícios são muitos




As pesquisas estão aí e mostram que o leite materno, após o primeiro ano de vida, não é ralo ou uma espécie de aguinha. Dados da UNICEF mostram que, no segundo ano de vida, 500 ml de leite materno fornece 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia de que uma criança precisa diariamente.

Outro benefício da amamentação prolongada é o fortalecimento do sistema imunológico. De acordo com a  OMS - Organização Mundial da Saúde, estudos mostraram que crianças não amamentadas no segundo ano de vida têm duas vezes mais chance de morrer devido a doenças infecciosas se comparadas a crianças submetidas à amamentação prolongada
O Ministério da Saúde também reforça os benefícios da amamentação continuada, entre eles: diminuição do risco de alergias; proteção contra infecções respiratórias,
promoção de uma melhor nutrição; diminuição de risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; favorece a capacidade cognitiva e melhora o desenvolvimento da cavidade bucal.


Outros motivos para continuar
Diferente do que parece, psicólogos afirmam que a proximidade que se tem com o filho por causa da amamentação o ajuda a conquistar uma maior independência, uma vez que ele se sente mais seguro de si emocionalmente. O desmame antes da hora pode tornar a criança justamente mais apegada.

Diante das tais viroses, acompanhadas de vômito e diarreia, o leite materno é uma alimentação mais digerível e bem aceita num período que a criança muitas vezes não quer saber de se alimentar com outros alimentos.

O leite materno ainda facilita muito a alimentação da criança quando ela está fora de casa, sem contar a economia por não precisar usar fórmulas.


Quando parar?
Mas, se fica a dúvida de, até quando amamentar. O ideal é que o desmame aconteça de forma natural, sem deixar que a pressão de outras pessoas para que você deixe de amamentar prevaleça sobre sua decisão. Ou seja, só pare de amamentar quando você e seu filho estiverem prontos para isso. A disponibilidade da mãe é um fator importante a ser considerado. Pesar os prós e contras junto com o pediatra é indicado. Ele pode te ajudar a avaliar o desenvolvimento da criança, mostrar formas para que a criança aceite substituições ao leite materno, entre outras coisas.

Espero com esse texto ter trazido apoio para as mamães que optam pela amamentação prolongada, como eu, tranquilidade para as que tomaram (ou precisaram tomar) a decisão de parar mais cedo e um pouco de compreensão para quem é vítima da falta de informação.

beijos

1 comentários:

  1. Lindo seu post!! eu amava amamentar, só parei pq voltei a trabalhar e com o tempo foi diminuindo...consegui amamentar até 10 meses tanto o Gi quanto a Mel. Mas se não fosse diminuindo com o tempo e continuasse a ter leite, com certeza continuaria. Acho lindo e importantíssimo no carinho mãe e filho (a). bjosss

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