Emoções



Minha filha é pra lá de emotiva.notei que aos quatro anos as emoções ficaram ainda mais afloradas e confusas. Não estou certa que o nascimento do irmão tenha influenciado, ou se é uma característica da idade ou mesmo da personalidade dela.

Chora pela manhã quando quer ficar em casa e não ir para escola, chora para lavar os cabelos e chora para penteá-los, chora por muitos motivos e na maioria das vezes quando é contrariada seja, em algo tolo ou sério.

Chora de saudades: do papai, da vovó, do vovô, da tia, da amiga, da prima se um deles não estiver por perto no momento que ela gostaria que estivessem. Chora de saudade de lugares que já passeou, chora de “saudade” até de lugares que não conheceu rs.

Chora quando precisa se desfazer de algum brinquedo ou roupa, chora quando não podemos brincar com ela. Ou seja, se várias dessas situações ocorrerem 
num dia, chora muitas vezes. Fora às vezes que ameaça cair no choro.

Não são choros histéricos, por isso, dificilmente associo à birra. Mas ainda assim fico perdidinha em muitas situações sem saber se o choro é motivado por tristeza ou raiva, por exemplo e, principalmente, como agir para ajudá-la: se o melhor é conversar, ceder ou ignorar, dando a ela o tempo que precisa para chorar. Normalmente tentamos consolá-la conversando, mas nem sempre vemos resultado.

Soluções de mãe

Diante de tanto chororô, chegou uma hora que, de não ter mais argumentos que a fizesse entender que por aquele motivo que ela estava apresentando não precisava chorar, comecei a apelar e dizer coisas do tipo: “suas lágrimas podem acabar e se um dia precisar delas como será?” ou “não estou entendendo porque está chorando agora, vou levar você para conversar com um médico que entende de choro, quem sabe ele pode te ajudar?”

Algumas vezes funcionou, o que me fez acreditar que das duas, uma: ou parava de chorar por medo (de “visitar o médico” ou “das lágrimas acabarem”) ou porque o choro não era realmente necessário naquele momento, chorava por hábito.

Em algumas situações eu ficava angustiada não com o choro em si, mas por ver ela sofrer com situações banais, por não saber lidar com elas.

Comecei, então, a 
prometer prêmios. O dia que conseguisse ficar sem chorar, no dia seguinte ganharia um prêmio. Mas o combinado tinha exceções. Como a ideia não era reprimir o choro a todo custo, afinal, eu entendo que há momentos que só chorando para aliviar a tristeza, a raiva ou a dor,ela deveria sim chorar se sentisse uma dessas coisas, mas fora isso, teria que tentar se acalmar conversando. Perderia o direito ao prêmio se chorasse por coisas rotineiras como, acordar cedo para ir para escola, lavar os cabelos, penteá-los...

Até agora estou sem saber se fiz o correto. Mas ela adorou o combinado, entendeu as regras e melhorou bastante. Primeiro a recompensa era diária, com um prêmio simbólico.

Depois de uns dias propus prêmio semanal. Durante uma semana ela conseguia cumprir o nosso acordo, na outra não, na outra conseguia novamente e assim fomos levando até que, quando me dei conta, o combinado já não existia mais e agíamos naturalmente. Ela já não chorava tanto, ouvia e entendia mais as situações que a desagradava e eu não precisava lembrá-la a todo momento que não teria prêmio se chorasse “sem motivo” . Por outro lado, ela não me cobrava a recompensa por não ter chorado.

Foi um alívio porque por mais que estivesse dando certo eu não estava muito confortável com a “brincadeira”. Tinha dúvida até quando o combinado seria saudável.


Coleção "Minhas emoções"

Nesse processo de tentar ajudar a Aline a lidar com as emoções dela, os livros também ajudaram. Em paralelo com o nosso combinado, estava sempre em busca de outras alternativas que me deixassem mais segura quanto a minha conduta e conheci numa conversa com a pediatra dela uma coleção de livros muito bacana:  a coleção “Minhas Emoções”. São quatro volumes com os títulos: Sinto medo, Sinto inveja, Sinto raiva, Sinto tristeza, que tem a proposta de ajudar pais e professores a entenderem os conflitos emocionais das crianças que nem mesmo elas sabem muito bem como lidar.

Achei a sugestão fantástica. Comprei a coleção e já lemos várias vezes juntas. Além de um texto simples e fácil para ler para os pequenos, os livros são cheios de ilustrações que apresentam de maneira clara todos esses sentimentos. E também tranquilizadora, uma vez, que mostra que esses sentimentos são comuns a todos e que podemos pensar pelo lado positivo das coisas.  
A Aline se identificou com várias situações,e já dá até conselhos para a personagem do livro: "não precisa ficar com medo disso!"rs

Ao final de cada livro têm ainda sugestões de atividades que ajudam pais e professores a auxiliarem as crianças como lidar com essa confusão de emoções, e indicação de outras leituras.


Adianto que eles não são manuais, mas são muito bons!


Enfim, nossos dias estão bem mais calmos!


Beijos!

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