Natação: vivendo, errando e aprendendo!

É frustrante quando se faz algo com o objetivo de oferecer melhor qualidade de vida para os filhos e as coisas não saem exatamente como o esperado.

Foi o que aconteceu comigo quando decidimos colocar a Aline na natação. Ela tinha 1 ano e meio, ainda não frequentava nenhuma escola e tinha pouca interação com outras crianças. Eu trabalhava em casa e basicamente eu era a companhia dela e ela a minha.

Mas percebia que ela precisava de mais, me solicitava a todo instante para brincar e por mais que eu a atendesse, nunca era o suficiente. Foi quando eu comecei a pensar que seria bacana  que ela tivesse outras atividades fora de casa para que interagisse com outras pessoas, saísse um pouco do ambiente da casa e vivesse novas experiências. 


Natação

Com aquela idade não tinha tantas opções assim, e perto de casa.  Ficamos entre a musicalização e a natação. E acabamos optando pela segunda, porque tinha mais crianças e várias opções perto da nossa casa.

A novidade agradou muito a Aline e no começo foi tudo uma maravilha. Eu fazia as aulas com ela, as aulas eram bem divertidas, cheias de brinquedos, a professora era um doce de pessoa, tinha outros bebês na turminha e ela adorava a água morninha. E foi assim até os bebês avançarem para as aulas de mergulho.

Experiência nem tão boa assim
Pra quê? O que era sonho virou rapidamente pesadelo. A Aline não estava preparada para mergulhar e infelizmente a professora não soube perceber isso por mais que eu dissesse que ela não estava preparada, não estava no seu tempo para aquilo.

O fato de ela saber que teria que colocar a cabeça embaixo da água a fazia entrar em desespero. 
Bastava a professora começar a cantar a musiquinha para iniciar o mergulho que a Aline entrava em pânico. Gritava tanto que por duas vezes precisei encerrar a aula antes e sair com ela da piscina para que ela se acalmasse.
Ela não queria mergulhar, sentia medo. Mas a professora insistia. Cada vez com uma técnica, com muita conversa, mas sempre terminava em muito choro. E ao invés de melhorar aquela situação só piorava.  Ela passou a associar a natação a um momento ruim, chorava ainda em casa quando nos preparávamos para sair. Até dar banho nela virou um  problema, não podia cair água na rosto.

Regredia a cada aula. Passou a não querer entrar nem mais na piscina. Ficamos duas ou três aulas sentadas na beirada da piscina só com os pés na água porque ela se recusava a entrar.
A professora começou achar que era manha. Mas eu sabia que não era. Pedi então para que ela dispensasse a Aline somente do mergulho, até que ela se sentisse segura para tal. Por duas aulas a professora concordou, mas na terceira achou que ela deveria voltar fazer.


Hora de parar

A conversa com a professora começou a ficar difícil. Senti uma preocupação maior em cumprir o programa de aula e não perder aluno e não com o problema que a Aline estava.

Enfim, tirei ela da natação, estava traumatizada e eu me sentindo culpada por ter deixado as coisas chegarem naquele ponto.
Fui à pediatra e, como conversamos sobre tudo, contei o que tinha acontecido. Ela me aconselhou dar um tempo na natação, mas que em algum momento seria importante voltarmos a fazer para que aquele medo não cristalizasse na Aline. Eu teria que sentir o momento que a Aline estaria novamente preparada para voltar, mesmo com medo.

Eu não queria que ela carregasse esse medo e sempre me pegava pensando qual seria o momento de retornar.
Foram quase dois anos de afastamento. Perguntava de vez em quando se ela queria voltar e sempre me dizia que não.
Até que um dia eu resolvi fazer natação para incentivá-la, ainda assim ela não se animou. E conversando com a minha professora sobre como tinha sido conturbado o início dela na natação e do medo que tinha. Ela me encorajou a levar a Aline para que começasse um trabalho com ela do  zero.


O retorno
Recomeçamos aos pouquinhos. Na primeira aula ela só observou as outras crianças, na segunda sentou na beiradinha e ficou só com os pés na água. Na terceira aula levou uma bonequinha e entrou. A professora fazia aula com ela e com a boneca. Foi tanto carinho, ela passava tanta segurança e principalmente respeitava os limites da Aline. Foi um conjunto de boas práticas, de profissionalismo e humanidade que fez com que a Aline superasse os limites. De uns quinze dias para cá, passados um ano, ela desencantou, começou mergulhar e sentir prazer ao fazer isso, além de nadar sozinha e o mais gratificante, está cheia de confiança e de vontade de aprender mais.
 
Lições
Não tenho como evitar que meus filhos vivam experiências ruins e elas podem servir como injeção de ânimo para virar o jogo e enfrentar os desafios;
Não devo dar tanta ênfase no que acontece de errado, mas me concentrar nas oportunidades que a vida sempre dá para tentar novamente e acertar. 
 
 
 
Beijos!

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