Aceitar ajuda é preciso e faz bem!


Aos 2 meses de vida do Pedro, hoje com 7, voltei na pediatra (quase minha psicóloga) para uma consulta de rotina. Mas naquele momento, só mesmo a consulta era rotina em nossas vidas, todo o restante estava de ponta cabeça!

Abrindo um enorme parênteses... tenho a sensação de que a adaptação à chegada da Aline, minha primogênita, foi mais tranquila do que a nossa adaptação à chegada do Pedro, mesmo a maternidade já não sendo mais um mundo desconhecido.

Apesar de consciente que outra criança em casa aumentaria nossas responsabilidades como pais, só depois do nascimento do Pedro que percebi que essa consciência estava num estágio superficial rs. Na prática, na prática, o buraco é bem mais embaixo!

Foram quase 4 meses para que as coisas começassem a entrar nos eixos. Para mim, foi um período bem exaustivo do ponto de vista físico e emocional.

O cansaço físico, dispensa muita explicação. Basta pensar nas necessidades de um recém-nascido e de uma criança de 4 anos, que acabou de ganhar um irmão e que por mais independente que já esteja em relação a algumas tarefas, como já era o caso da Aline, demandava muita atenção. Então, em muitas das coisas que ela já fazia sozinha acabava por solicitar o nosso auxílio novamente. E geralmente ela preferia ajuda daquele que estava com o bebê! rs. Mas soubemos agir com muita compreensão porque sabíamos que ela também estava se adaptando aos novos rearranjos da casa e do seu espaço na família.

Costumo dizer que quando se trata de filhos a matemática
tem outras regras 1+1 nunca são 2 e sim 11!rs  E essa sensação sempre vem à tona quando os dois demandam atenção e cuidados ao mesmo tempo. E isso é quase sempre! 

Resumindo...com dois, tudo ficou potencializado dos prazeres às dificuldades.Já emocionalmente porque a culpa também começou a pesar em dobro. Era impossível atender os dois ao mesmo tempo. Sempre alguém tinha que esperar.
 

E esse era para mim  o ponto mais crítico. Eu me sentia mal de não conseguir mais fazer com a Aline as tarefas como de costume: com muita brincadeira e descontração. A rotina ficou acelerada. Tudo precisava acontecer rápido: dar o banho rápido, fazer refeição rápida, se vestir rápido... porque no instante seguinte o Pedro podia acordar, chorar e eu mais uma vez teria que deixá-la  "se virando" para atendê-lo. Não foi fácil até nos ajustarmos!

E o mesmo sentimento, não precisava nem dizer, mas eu tinha também quando acontecia o inverso. Em algumas situações precisei deixar o Pedro chorando porque eu já estava atendendo a mais velha e não podia simplesmente deixa-la. 


E era isso todo o instante, decidir quem seria a prioridade quando os dois precisavam de auxílio.

Até a Aline percebeu como eu estava refém daquela situação e  me colocou em prova de fogo: " Mamãe se eu e o Pedro fizermos coco ao mesmo tempo, quem você vai limpar primeiro?". Para não deixar o assunto no ar, respondi que limparia ela, porque o Pedro, por ser ainda um bebê, não tinha noção de que estava sujinho e ia se incomodar menos e na sequencia eu limparia ele.

Com meu marido em casa conseguíamos nos dividir de forma que ele atendia à Aline, na maioria das vezes, para que eu pudesse me dedicar mais ao Pedro.



Mas, quando sozinha (também na maioria das vezes) as coisas voltavam a fugir do controle. Até porque além do novo momento na maternidade, continuavam lá me chamando as tarefas de casa, a volta ao trabalho, que também é feito de casa, e o casamento. E esse se não houver compreensão, senso de família, tende a ser o primeiro a ter que esperar.
 
Enfim, me vi querendo dar conta de tudo e não dando conta de nada, pelo menos não como eu imaginei ou gostaria.
 
Fechando o parênteses e voltando à consulta com a pediatra, que citei no início dessa nossa conversa, ela me perguntou como as coisas estavam, como estava a nossa adaptação e a relação, principalmente, com a minha filha mais velha e eu contei o quão feliz e  também exausta estava. E ela me disse o que eu já sabia, mas não admitia: “Você precisa aceitar ajuda, sem se culpar”.
Papinhas que vêm prontinhas da casa da avó
 
Foi uma conversa longa e cheia de conselhos, que gostaria de dividir com vocês e quem sabe te ajudar também a encontrar a tranquilidade que estava faltando na maternidade e um tempinho para você:
  • deixar o filho mais velho ficar mais tempo com os avós ou amigos que ele tenha um bom relacionamento.

  • deixar que o filho mais velho faça algumas tarefas sozinho, de vez em quando, como comer e se vestir ou tomar banho. Mas com supervisão. O mais legal aqui é que ela me fez entender que essa independência seria muito positivo para o amadurecimento da Aline. 
 
  • deixar tudo de lado e dormir quando as crianças estiverem dormindo. Importante para renovar as energias e para uma amamentação de mais qualidade.

  • aceitar a ajuda das pessoas próximas (parentes, vizinhos, amigos) com tarefas da casa ou com as crianças;

  • Delegar mais; 
 
  • Não criar expectativas com a volta ao trabalho, antes que de fato ele voltasse. O estresse e ansiedade podem secar o leite, entre outras coisas . Mas preparar o bebê em relação a alimentação, assim ele já estará adaptado a outras opções que não o peito na sua ausência.
 
Coloquei aos poucos tudo em prática, as coisas em casa ficaram bem mais equilibradas, encontrei tempo para me cuidar (e ninguém morreu rs) e sinto de verdade que

vida em família voltou a ter muito mais qualidade.




 

3 comentários:

  1. Adorei! Também tive dois filhos com essa diferença de idade e concordo com essa atitude. O primeiro não pode ser cercado de mimos e nós não podemos nos sentir culpadas por não darmos tanta atençao; temos que delegar funções sim!

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  2. Faço minhas todas as suas palavras, vírgulas e pontos... exatamente isso!!!

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  3. exatamente isso... faço minhas todas as suas palavras, vírgulas e parenteses...

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