Amar dois filhos


Esta semana meu pequeno príncipe Pedro completou o seu primeiro ano de vida! E em meio as tentativas de arrumar a casa para receber os avós, que vieram o cumprimentar, revivi a sua chegada em nossa família.

Praticamente dois motivos nos incentivaram a levar a ideia do segundo filho adiante: a importância que damos para a companhia de um irmão e a experiência maravilhosa  que tivemos com a maternidade e a paternidade, que de tão boa não poderia ser vivida somente uma vez!

Mesmo diante da nossa certeza em tê-lo existia uma preocupação enorme para que essa decisão não trouxesse nenhum tipo de instabilidade no relacionamento que tínhamos com a Aline.


Eu não podia se quer imaginar ela se sentindo em segundo plano. Jamais também me permitiria deixar de fazer por ela (ou para ela) alguma coisa, qualquer coisa, a mínima que fosse, por conta do segundo bebê. Ao mesmo tempo eu não tinha dúvidas que me doaria por inteiro para outro filho.


Também não consegui escapar da eterna dúvida sobre se é possível amar dois filhos, ou mais, do mesmo jeito. Foi inevitável não pensar se conseguiria amar o segundo filho com a mesma intensidade que amava a Aline. Ou se com a chegada dele eu passaria amar ela menos .

Mesmo com todas aquelas angustias, engravidei e confiei que as nossas vidas tomariam o curso que deveriam tomar, ou melhor, o que eu desejava que tomasse, afinal, eu já estava pensando em tudo.

Durante toda gravidez do Pedro, à medida que a barriga crescia a expectativa em relação à reação da Aline com o futuro bebê aumentava. Eu e meu marido tínhamos vários combinados, principalmente quem daria atenção para quem, como seriam os revezamentos, tudo planejado para que nenhum dos dois ficasse descoberto de atenção e para que nada abalasse a nossa rotina e as nossas relações.

Busquei informações e orientação de como deveríamos agir com a Aline desde a gestação do Pedro (envolvemos ela nos preparativos o máximo possível) até o seu nascimento; como deveríamos agir na visita dela ao Pedro, ainda no hospital; que cuidados teríamos que tomar para que ela não se sentisse menos importante; como deveríamos orientar os familiares próximos para não fazer diferença entre eles, enfim, tentamos nos antecipar a todos os detalhes (previsíveis).

Apesar de todo o meu empenho, no final da gravidez, algumas coisas naturalmente me davam sinais que, por mais que eu desejasse, nem tudo continuaria como antes, principalmente em relação a nossa relação com a Aline.

Não precisou nem o Pedro nascer para começarmos a sentir as primeiras mudanças e adaptações: eu já não conseguia mais me sentar no chão para brincar, não conseguia ir em todos os passeios com ela e várias outras "pequenas" coisas por conta das limitações físicas de final de gravidez. Por último, já não conseguia dar o colo, que vez ou outra ela ainda me pedia. Essas coisinhas me chateavam, geravam uma pontinha de culpa por não conseguir fazer com ela as coisas do jeito que sempre fizemos e que
 ela gostava.

Havia a esperança de que com a chegada do Pedro eu ficaria de novo leve (e como fiquei leve!!!rs) voltaria para o chão, ganharia às ruas novamente, e meu colo estaria à sua completa disposição, sempre que quisesse e tudo na nossa rotina voltaria ao normal.


Quando o Pedro chegou a Aline se apaixonou por ele e nos surpreendeu de tão bem que o aceitou. Nem foi necessário colocar em prática todos aqueles mandamentos que eu tinha listado de como deveríamos fazer a primeira aproximação dela com bebê para não haver traumas.

Ela curtiu muito o título de irmã mais velha, se sentiu grande, como ela mesma gosta de dizer.

Tudo estava indo muito bem, mas ainda no hospital voltei novamente a sentir aquela pontinha de culpa da época que as limitações da gravidez implicaram em algumas mudanças na rotina com a Aline. E lá estava eu,no hospital, cuidando do Pedro que acabara de nascer, e pensando em como a Aline estava se sentindo longe da gente. Queria os dois comigo e à volta para casa era aguardada com ansiedade.

O que eu não imaginava é que aquele sentimento voltaria muitas outras vezes sempre que um precisasse esperar o outro ser atendido ou quando eu não pudesse fazer por um da mesma forma que fiz ou faria pelo outro.
E o tempo, ou melhor, a falta dele seria um grande complicador.

A casa e o trabalho foram os primeiros a caírem na minha lista de prioridades. No topo da lista, ao lado da Aline, entrou o Pedro o que me deixaria ainda mais distante deles. Foi difícil para cair a minha ficha. Por muito tempo tentei equilibrar todos os pratinhos (filhos, marido, trabalho, casa e a mim mesmo), mas era impossível.


Os primeiros meses, em casa, foram um caos. Eu queria fazer tudo e parecia que não estava fazendo nada direito ou como eu me cobrava.


A Aline começou a dar sinais que a adaptação estava estressante. Ficou bem sensível, chorava por tudo. Eu passava os dias tentando atender e entender ela. O Pedro, recém-nascido, por sua vez, precisava dos cuidados mais básicos e imprescindíveis! Nesse momento, toda ajuda dos avós e da minha irmã foi bem-vinda e necessária.

A Aline ainda estava numa fase cheia de descobertas, curiosidades, de impor sua personalidade, cheia de vontades (ainda está). Exigia atenção, precisava ser contornada com habilidade e paciência (que eu já não tinha mais tanto naquela altura do campeonato) e o que mais eu conseguia fazer era pedir para que ela esperasse só mais um pouquinho por mim. Logo eu que até pouco tempo atrás não me via abrindo mão de nada da rotina que eu já tinha estabelecido com ela. E isso me deixava frustrada.


Por outro lado, haviam coisas que não podiam esperar eu ter tempo e eu a orientava para que fizesse sem a minha ajuda, mas com minha supervisão. Com isso, ela ganhou mais autonomia, mais independência. E foi muito positivo para o amadurecimento dela e para nós também porque a tiramos um pouco debaixo da nossa asa rs.

Com o Pedro as coisas também não saíram exatamente do jeito que eu queria. A maternidade vivida com ele também está sendo maravilhosa. O amor é tão intenso quanto o que eu continuo sentindo pela Aline, mas ele não gozou da mesma tranquilidade na hora de mamar, na hora do banho, das trocas, das refeições como foi possível na época da Aline bebê. Ele já encontrou uma casa mais dinâmica. Mas como tudo na vida tem os dois lados, o positivo é que com isso ele é uma criança mais descolada e acredito que a independência e a autonomia para algumas coisas vão vir mais naturalmente. Ele terá além dos pais, a Aline como referência.

Hoje estamos adaptados a uma nova rotina, não vejo como pior ou melhor. A diferença é que as coisas precisaram ficar, na marra, mais práticas. Prevaleceu na nossa rotina com as crianças o que de fato é importante.

O Pedro além de nos trazer muita felicidade, nos fez crescer como família em todos os sentidos (não só na quantidade), nos fez repensar nossos papéis e as nossas prioridades, nos trouxe novas habilidades, nos fez amadurecer e perceber que não temos como controlar a vida, ela muda constantemente, nos desafia e cabe a nós fazermos as adaptações da melhor forma.


Amo meus dois pequenos e tenho muito orgulho da família que construímos! 

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